quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Mídia e a Construção de Mentalidades


 
                                                                                               Por Dilma Lacerda


A estreia da Televisão no mundo aconteceu em 1926 através do escocês John Baird, ao mostrar a imagem de um rosto humano numa câmara do tamanho de um selo. Daquela época até os dias de hoje a televisão tem passado por grandes aperfeiçoamentos tecnológicos, ao ponto de favorecer a magnífica criação da Internet.

A Televisão e seus subprodutos (videocassete, videogames, internet, etc.) são inventos fantásticos que merecem elogios pela extraordinária capacidade de entretenimento, comunicação, informação, divulgação e outros, porém, e infelizmente, além das excelentes vantagens, também apresentam inúmeros riscos. Quanto a estes, há muito os responsáveis pela programação e conteúdos da televisão comercial e internet se distanciaram de sua finalidade original: cultura, entretenimento benéfico e utilidade pública. Desse modo, os interesses comerciais predominaram sobre seu objetivo inicial, invadindo e alterando significativamente os valores constituintes da educação, da sexualidade, da família, enfim, da personalidade.

A verdade é que estes meios de entretenimento e comunicação surpreenderam às expectativas iniciais, pois o tempo revelou que eles tinham o poder de interferir no comportamento humano. Foi a partir deste fato que empresários, comerciantes, fabricantes e publicitários, movidos por seus interesses capitalistas, transformaram tais produtos em poderosa máquina de dinheiro. Com a então capacidade de influenciar profundamente a conduta humana, através do condicionamento implacável das mentes, o uso da televisão comercial e de seus subprodutos tornou-se um elemento nocivo à sociedade.

É vasto o estrago causado pelos estímulos negativos da TV, pois não há uma área sequer da vida que não sofra sua forte interferência.  As mensagens publicitárias e modelos desestruturantes subjacentes atingem, principalmente, as mentes imaturas das crianças e adolescentes, minando, consideravelmente, à construção de mentalidades dos sujeitos. Ilustrando esta triste realidade, uma crianças de 3 anos, em atendimento psicoterápico, explicitou o desejo de cortar a avó em pedaços e colocá-los em sacos plásticos. De igual modo, uma adolescente de 12 anos, por passar tanto tempo de frente à TV, apresentou uma significativa incapacidade de desenhar os traços fisionômicos de sua própria mãe.

Cristiano Aguiar Lopes (2010), autor do projeto Legislação de Proteção de Crianças e Adolescentes diz que essa publicidade já se tornou hipossuficiente, ou seja, sofre de qualidade para o que necessita. Com isso, pela deturpação da sua finalidade (o lucro), sua voz ecoa grandes interesses egoístas, deixando de lado o objetivo real inventado por Baird: facilitar a comunicação em tempos difíceis. A sua utilidade com foco no servir com otimismo, amor e rapidez; apresentando som e imagem.

Queridos, como será que um bebezinho que nasce saudável como o menino Pesseguine se transforma em assassino e suicida dentro de sua casa, tido como uma criança doce e terno?

Mariângela Momo afirma que a mídia promove não apenas o consumo de bens e serviços, mas também o consumo de ideias, de tipos de vida, de posições de sujeitos desejáveis, de ser e de agir.

Especialistas perceberam que a questão está na publicidade do sistema midiático ao usar estratégias de consumo focadas em três princípios: Sonho, Sexo e Violência. Então, descobriram que ele gira em torno desse cenário de perfeição e sedução ao consumidor para com isso se garantir de pé. Porém, a psicologia se posiciona através do livro Mídia e Violência; produção de subjetividade e coletividade que estes modelos impostos pela mídia em muitas vezes fogem da realidade em que está inserido o usuário ou receptor. Daí pode prejudicar crianças e adolescentes porque estão em fase de desenvolvimento e pode também atingir a jovens e adultos por estarem passando por momentos de extrema dificuldade em seus relacionamentos. Já que são princípios que levam a incitação mental. Como diz o Conselho Federal de Psicologia a respeito da publicidade dirigida á criança,

 As autonomias intelectuais e moral são construídas paulatinamente.  É preciso esperar, em média a idade de 12 anos para que o indivíduo possua um repertório cognitivo capaz de libertá-lo, do ponto de vista cognitivo, quanto moral,    da forte  referência a  fontes  exteriores de    prestígio   e    autonomia ( CFP,2008).

Assim, o CFP torna ciente a população brasileira esclarece que nos períodos de infância, como também da  adolescência, muitos meninos e meninas vão conseguindo, passo a passo, a construção de valores intelectuais e morais, processo que desenvolve sua personalidade, para melhor pensar, refletir e agir, ou seja, capacidade de fazer análise crítica do que está vendo e ouvindo em sua volta. Pois, usuários midiáticos tem que ser vigilante, ela forma opinião, cria conceitos influenciadores de comportamentos e atitudes. Por exemplo: novelas exibidas a tarde e noite exibem um mundo absurdo, denegrindo valores, a família, a religião, banalizando o sexo e insinuando violência.

A Sociedade de Medicina Brasileira de Pediatria, através de seu Departamento Científico dá um alerta a família para não permitir que suas crianças com idade inferior a 2 anos sejam expostas a mídia televisiva. Motivo: Distúrbios de atenção aos 7-8 anos têm sido comprovado em crianças expostas a televisão desde o momento do nascimento até 2 anos.

Como os pais devem fazer nesse mundo midiático e cibernético?  Não usar a televisão como babá eletrônica de seus filhos; orientar escolhas de canais e programas; reduzir o tempo diante da TV; reduzir o tempo diante da internet; corrigir posturas e tiques nervosos; ajude-os a compreender o que estão vendo e ouvindo mostrando toda a extensão do problema; oferecer outras opções de atividades que substitua a televisão e internet, como esportes, livros, hobbies e reuniões familiares. Seja um exemplo vivo do que deseja ensinar para eles.

Este trabalho relatou uma das lutas do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas (CRP-15) e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) – Comitê: Alagoas Jornalista Freitas Neto, objetivando contribuir como sinalizador de uma comunicação democrática e salutar, para a valorização da vida.


* É Psicóloga representante do Conselho Regional de Psicologia Alagoas (CRP-15) junto ao Comitê Regional do FNDC-Alagoas.

 
 

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